A iluminação natural através de aberturas laterais é uma solução amplamente adotada, variando de acordo com o tamanho da abertura e a profundidade do ambiente. Muitas diretrizes de diferentes países são baseadas nessas duas variáveis de projeto para promover a entrada de luz natural nos espaços.
No Brasil, o zoneamento bioclimático (NBR 15.220:3) é utilizado como referência e divide o país em oito zonas bioclimáticas. Essas diretrizes apresentam três variações de tamanho de aberturas para ventilação, que também impactam na captação de luz natural no ambiente: pequena (10 a 15% da área do piso), média (15 a 25% da área do piso) e grande (maior que 40% da área do piso). Além disso, o zoneamento também considera a necessidade ou ausência de sombreamento ao longo do ano ou em parte dele, o que afeta diretamente a captação de luz.
Para ilustrar esse parâmetro, foram realizadas simulações no software DIALux Evo (consulte as Ferramentas de projeto). O modelo utilizado foi uma sala retangular de 5,0m x 3,75m localizada em São Paulo, com uma abertura lateral voltada para o Norte, medindo 1,50m x 2,5m, correspondendo a 20% da área do piso.
Aumentar a profundidade do ambiente apenas com base na diretriz do percentual de área do piso não garante uma distribuição de luz de qualidade.
Nos exemplos B e C a seguir, onde aumentamos a profundidade do ambiente para 5,0 e 7,5 metros, respectivamente, e também ampliamos a largura da abertura para 3,30 e 5,0 metros, mantendo o percentual em 20%, percebemos que isso não é suficiente para garantir uma iluminação satisfatória.
Foram conduzidas novas simulações utilizando as mesmas dimensões dos ambientes dos modelos B e C, mas desta vez também alterando a altura da abertura, não apenas a largura. O objetivo dessas simulações é ilustrar que não apenas o percentual de área é importante, mas também o dimensionamento adequado da abertura, levando em consideração a geometria do ambiente. Ambientes mais profundos exigem aberturas mais altas para garantir uma distribuição de luz mais uniforme em todo o espaço.
Continuar com muitas outras simulações para ilustrar a relação entre área do ambiente, área da abertura, altura da abertura e profundidade do ambiente seria possível. No entanto, com as simulações apresentadas até agora, é possível afirmar que o percentual de área da abertura em relação à área de piso é um dado pouco conclusivo para garantir uma distribuição adequada da luz no ambiente. Todos os ambientes mencionados atendem a esse requisito, com a abertura representando 20% da área do piso. No entanto, a distribuição da iluminação não está sendo eficiente, o que indica a necessidade de outras aberturas em diferentes orientações, especialmente em ambientes mais profundos.
O percentual da área do piso é apenas o ponto de partida em um processo complexo de dimensionamento de aberturas. É uma jornada que requer considerações adicionais.