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012. Luz revelando materiais

Luz e materiais possuem uma relação intrínseca na arquitetura. Os materiais desempenham um papel fundamental na quantidade e qualidade da luz presente no ambiente. O acabamento e a cor dos materiais são características essenciais nesse contexto. Superfícies refletoras, como objetos de cristal, refletem a luz de maneira espelhada, enquanto superfícies mais opacas, como pedras naturais, madeira e gesso, refletem a luz difusamente, em todas as direções.

Entre os três aspectos da cor – matiz, valor e intensidade – é o valor que determina a quantidade de luz absorvida e refletida. Uma superfície branca reflete aproximadamente 82% da luz incidente, uma parede amarelo-claro reflete 78%, e uma superfície verde-escura ou azul, apenas 7%. Superfícies coloridas também transmitem parte de sua tonalidade à luz refletida. Uma mudança nas cores pode alterar completamente a percepção de um ambiente. A variação das superfícies com cores mais claras ou mais escuras é uma estratégia de baixo custo para influenciar o resultado final da distribuição da iluminação de um espaço.

O uso de superfícies escuras resultará em um ambiente geralmente mais sombrio, tanto durante o dia quanto à noite. No entanto, ao optar por superfícies brancas, o efeito será influenciado pelas fontes de luz utilizadas. Esse efeito pode ser explorado de forma intencional no projeto. Por exemplo, na capela de Notre Dame du Haut em Ronchamp, as superfícies interiores são brancas, mas devido à quantidade limitada de luz natural que entra no espaço, essas superfícies são percebidas com uma variação de tons, indo do verde escuro ao verde claro.

Luz enfatizando materiais

Os materiais desempenham um papel emocionalmente importante – o brilho do vidro, o cintilar dos mosaicos de ouro, as tonalidades da madeira – e carregam significados culturais e memórias individuais. A iluminação é um jogo de luz e sombra que revela as texturas do ambiente.

Geralmente, os materiais esmaltados (superfícies envidraçadas) não são o foco principal em um espaço. No entanto, materiais esmaltados especiais, como finos pedaços de pedras, podem ser destacados devido à forma como transmitem a luz, criando efeitos surpreendentes.

Millet (1996) apresenta várias estratégias de composição de luz e materiais. Um exemplo é a Casa Batló de Gaudí (página 70), onde um poço central de luz é projetado com uma parte superior mais ampla, revestida com azulejos em gradiente de cores do azul ao off-white à medida que se aproxima do chão. Essa configuração permite que a parte inferior, com menos luz, se harmonize com o uso de um material mais claro. Você pode encontrar mais informações e imagens no link do Pinterest abaixo.

Até mesmo os materiais utilizados nos acessórios de iluminação elétrica devem ser escolhidos com intenção. Eles podem se camuflar ou se destacar no ambiente, dependendo da iluminação natural presente.

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Referências:

BRANDSTON, Howard M. Aprender a ver: a essência do design da iluminação. São Paulo, SP: De Maio Comunicação e Editora, 2010.
LIMA, Mariana. Percepção visual aplicada à arquitetura e à iluminação. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2010.
MILLET, Marietta S. Light revealing architecture. Hoboken, N.J.: John Wiley & Sons, 1996.
NEGRÃO, Ana Teresa Luís. O IMPACTO DA LUZ ARTIFICIAL NOS ESPAÇOS ARQUITECTÓNICOS. 2013. 110 f. Dissertação de Mestrado – Instituto Superior Técnico, Lisboa, 2013.

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